2018 foi um dos anos que mais me marcaram em termos de tendências e novidades, tanto na arquitetura de interiores como na decoração. Começamos 2019 ainda absorvidos por alguns marcos do ano anterior que certamente terão fôlego para virar o ano. Seja agora, no começo de 2019, ou um pouco mais adiante, muitos de nós já têm suas apostas ou eleitas. Confira abaixo os meus palpites para esse ano.
Eu, que comecei a trabalhar com arquitetura no começo dos anos 2000, ainda convivi com projetos de gessos bastante elaborados. Na época, dedicávamos um tempo significativo projetando molduras para quase todos os ambientes de uma casa, pois a demanda por estruturas clássicas era ainda muito frequente. O fato é que, nos últimos 20 anos, na arquitetura de interiores, os forros gradativamente sofreram um processo de simplificação e redução de ornamentos, resultando a grande maioria em forros brancos e “limpos”. Talvez como uma contra tendência, aos poucos os tetos estão voltando a ter a importância de outros tempos. No ano passado e nesse ano principalmente, cruzaremos com muitos tetos em materiais diferentes, desenhos menos simplificados e até cores mais ousadas. Neste contexto entram principalmente a madeira em diferentes modulações e desenhos como revestimentos cerâmicos, porcelanatos e até mesmo a pedra natural.
É inegável a profusão de marcas e novos materiais que a indústria de revestimentos e acabamentos tem despejado anualmente no mercado. Para quem mergulha nesse universo, as novidades parecem que avançam de forma muito mais rápida que em outras épocas, e isso é inegavelmente um grande benefício. De qualquer maneira, depois de um período aparente sem grandes novidades em termos de mármores e granitos, 2019 parece ser o ano onde o interesse por rochas naturais volta a atrair olhares de arquitetos e especificadores. Eu mesmo, no final do ano passado, em razão de um dos projetos do escritório, visitei e conversei com novos fornecedores e fui apresentado a granitos, quartzos e até mármores nacionais que, até então, desconhecia, incrivelmente belos e com preços competitivos. Arrisco a dizer que nossas rochas naturais devem assumir definitivamente o destaque antes relegado apenas aos mármores importados. E ainda que prevaleça o consumo de revestimentos sintéticos, as rochas exóticas com desenhos raros ou únicos entrarão mais nos projetos junto a outros revestimentos industrializados.
Se em 2018 você começou a se deparar com muitos projetos com esse revestimento monolítico, em 2019 essa tendência se fortalecerá e virá acompanhada também do Marmorite e do Terrazo; estes dois últimos derivados do primeiro, mas com características similares, como a mistura do cimento branco com compostos minerais: granitos, quartzos ou mármores em diferentes tamanhos e cores.
No Terrazo você vai reparar que os grãos retornam como fragmentos maiores de pedras e com paletas de cores mais atuais que, aos poucos, invadem as casas conquistando novos adeptos. Nesse sentido, prepare-se para começar a ver o Granilite e suas variações não só nos pisos, mas também paredes, tetos e até na superfície de peças de mobiliário ou mesmo objetos decorativos.
Pelas feiras nacionais e estrangeiras de mobiliário e design é possível notar que as linhas curvas ainda estão em alta e devem ter vida longa. Se móveis arredondados foram muito populares na década de 60 e, depois, quase que banidos por um bom tempo, é inegável hoje constatar que muitos designers jovens assim como a indústria e marcas consagradas “bebem” novamente nessa fonte para se reinventar e repaginar referências já conhecidas por quem viveu esse período.
Na estrutura interna e até mesmo na arquitetura de interiores, também nessa direção, os arcos e a meia circunferência voltam a aparecer em vãos de janelas, portas, no desenho de espaços e até na confecção da marcenaria propriamente dita.
Vintage ou não, é inegável uma lembrança do estilo “art déco” em muitas peças e ambientes. Formas arredondadas nesse sentido colaboram para espaços mais aconchegantes e ambientação menos rígida de épocas do predomínio das linhas retas.
Em 2019, mais do que nunca, a natureza parece invadir as casas. Não, as plantas nunca saíram de moda ou em algum momento deixaram de ser valorizadas. A novidade agora é que elas não se apresentam mais contidas de forma rígida ou mesmo “domada”.
Muitas vezes tratadas como um mero objeto decorativo contido em vasos, cada vez mais uma gama maior de vegetação assume diferentes suportes de tal maneira que elas estão por toda parte: em estantes, nichos, prateleiras, paredes e até presas nos tetos. Contrariando meu gosto pessoal, vejo que as plantas artificiais ou mesmo representações do verde e da natureza também parecem ganhar terreno.
E finalmente, o que vimos se firmar em 2018 como sinônimo de bem estar nos interiores das casas, em 2019 passaremos a ver em fachadas, varandas e até mesmo em edifícios um “protagonismo verde” antes nunca visto nas cidades brasileiras.
Por Diego Revollo