Com arquitetura e decoração inusitados, o novo endereço gastronômico no Centro de São Paulo oferece pratos com nomes de ruas e pontos icônicos da região
Por Luciana Ramos | Produção Natália Martucci
Fotos Raphael Briest (Interiores) Divulgação (Comidas e drinks)
Um lugar que traz a história dos cortiços do final do século XIX, em decoração inebriante. Assim é o Bar Restaurante Sertó, novidade em São Paulo. Inspirado em pesquisas sobre as regulamentações propostas por Major Sertório em 1880 para as moradias precárias da região central da cidade, descobriu-se que a contribuição do vereador, na época, foi ímpar no processo de se estabelecer condições dignas de moradia aos diversos imigrantes que chegavam à cidade, bem como para os que se instalavam nessas construções com a finalidade de morar próximo ao trabalho.
O espaço tem arquitetura assinada por Herbert Holderfer, do escritório Office 134, que conflui os elementos históricos dos cortiços do início do século passado, fazendo uma releitura daquilo que mais os influenciou: ” vivência familiar e cultural”, declara Herbert. Em seus 119 m², o espaço de 38 lugares instalado no térreo do prédio de Oswaldo Bratke, edifício tombado da década de 40, e ao lado do Coffee Stories – Modernista, de mesma autoria arquitetônica, oferece um menu assinado por Marcelo Magaldi.O chef também atua no sofisticado Buffet Fasano e criou variados pratos para o almoço, principalmente sanduíches, além de sobremesas e bebidas, intitulados divertidamente com nomes de regiões icônicas da cidade e ingredientes tipicamente regionais. Os estilosos drinks ficam por conta de Jean Ponce.
Almoçar, jantar ou tomar um drink nesse espaço é rememorar diversos aspectos históricos multiculturais da região cetral da cidade, através dos objetos garimpados pelo arquiteto na própria região – fica a dica para quem quiser decorar a casa com peça antigas! – e da comida, pensada por Magaldi para ser o prazeiroso sustento do dia-a-dia de quem frequenta a região e quer provar inovações gastronômicas em pratos muito conhecidos pelos paulistanos.
Os objetos decorativos vão desde fotografias antigas em preto e branco, mobiliário em couro, até utensílios domésticos como televisão e uma balança em metal, todos datados do início do século. O misto entre cores escuras, como o marrom escuro e o vermelho, junto com a iluminação mais intimista, trazem o estilo industrial da época com uma sensação aconchegante de lar. A mistura dos tecidos dos assentos conferem um proposital improviso. Os banheiros, feminino e masculino, acomodam alguns elementos estruturais de garimpo, como a pia e espelhos, e ambos exibem cartazes informativos de cunho histórico, como prédios recém-construídos e lançamentos de mercados como o Mappin.
Um dos rituais entre moradias com muitas pessoas manteve-se por meio de suas mesas – que são grandes e em formato retangular e redonda. Do outro lado, atrás da mesa redonda, a parte do armário comumente utilizado como cristaleira agora contém diversas fotografias de época, velas, candelabros e até um telefone com fio.
A saborosa cartilha de sanduíches, bebidas e sobremesas não poderia deixar a desejar. Magaldi conhece cada um dos produtores de seus ingredientes e aposta sempre em produtos frescos. A ideia era reproduzir pratos de sua infância, “puros e simples”, onde os elementos como a mortadela e o ovo fossem ressignificados, sem perder a degustativa lembrança. O cardápio que também tem o layout “de época”, apresenta variados pratos e bebidas com os nomes de regiões icônicas de São Paulo, como a rua próxima chamada Rego Freitas que figura no cardápio como “Rego Fritas” – uma porção de batatas fritas ao perfume de Sálvia, com tempero à base de especiarias levemente picantes e maionese da casa. Aliás, os condimentos feitos na casa dominam e conferem singularidade à culinária proposta no Sertó.
Temos, ainda, os com nomes divertidos como “Apressado come cru” – com o suculento tartar de filet mignon acompanhado de saladinha verde ou “Bento Fritas” (esse último, denomina a porção de batatas fritas, exclusivamente). Mas o mais pedido é o “Sertó”, sanduíche que homenageia o bar, trazendo carne, queijo meia cura da região mineira da Canastra, picles, pancetta, ovo caipira e maionese da casa no pão Brioche.
Outros tão excelentes quanto e de público fiel são o “Marco Zero”, sanduíche de carne, cheddar Inglês, maionese da casa e geleia de cebola roxa com bacon no pão brioche e “Marco Zero Um”, contendo os mesmo ingredientes exceto a geleia de cebola roxa e o bacon, ambos em homenagem ao monumento geográfico, localizado na Praça da Sé. Servem também sanduíches vegetarianos, como “Pureza Jardim”, que leva cogumelos portobello grelhados, queijo coalho, tomate caqui, agrião e maionese de manjericão no pão australiano. A sobremesa amada pelos fregueses (e pela nossa reportagem!) é, sem dúvidas, a “Misericórdia”, um bolo de chocolate, recheado de brigadeiro e servido com calda quente.
As bebidas seguem a mesma proposta inusitada e as mais apreciadas pelos frequentadores são as autorais, como “Dona Veridiana”, com gin, mix de limões, xarope de pepino com manjericão, clara de ovo e outros ingredientes. Os chás também atraem com suas alquimias refrescantes, como a “Pina Coteca” – chá mate que leva abacaxi doce e hibisco cítrico. Seja para comer, beber ou dar aquela passada rápida, estar no Sertó é contribuir para o enriquecimento cultural histórico da cidade e valorizar a autenticidade de combinações arquitetônicas e gastronômicas.
Sertó Bar
R. Major Sertório, 106, Vl. Buarque
Tel.: (11) 3231-5422
Horário de funciomanto: 12h às 15h e 18h às 0h (fecha dom.)
São Paulo