A antiga varanda da casa datada de 1911 já tinha passado por uma metamorfose na década de 40 mudando um pouco seu estilo original eclético, para as influências art decô que inspiravam muitos artistas e arquitetos naquela época.
As antigas janelas em ferro fundido foram anexadas a construção pelo Mendes de Moraes na década de 70 onde um dos vitrais foi adquirido pelo mesmo num leilão com peças do Palácio de Monroe que foi desmontado nesta época.
O antigo piso estava solto e devido ao acréscimo da varanda ele não era o original da casa. O antigo banco em azulejo vermelho foi restaurado na sua íntegra juntamente com o painel de azulejos portugueses que revestem a parede.
As paredes estavam desgastadas com cores que não remetiam a nada, dai resolvemos restaurar o antigo vitral, assim como a troca do piso por algo mais neutro, assim como o revestimento das paredes que remetem as cores do Art Decô.
A varanda deveria ser clara e limpa, os tons neutros foram os eleitos para esta composição, a textura efeito estuco moderno tem duas tonalidades para dar o efeito de cimento e o piso segue a mesma linha, remetendo a um cimento queimado com suas nuances, criando um ambiente neutro para dar destaque ao banco e a azulejaria sem criar nenhum um elemento competitivo.
As cortinas em jacquard vinho com acabamento em passamanarias douradas em franjas dão o ar palaciano ao ambiente.
Um forro tafetá branco apenas para dar o efeito da privacidade, cobrindo as grandes janelas por baixo da cortina principal.
O mobiliário também segue o mesmo padrão das cortinas, sofás e poltronas revestidos com veludo na mesma cor e um lindo tapete em patchwork cinza e outro Bucara vinho trazem ainda mais sofisticação ao espaço.
Os lustres de 5 braços em cristal resolvem bem a iluminação destas salas, necessário para fazer o coroamento da decoração, dando ao ambiente imponência, elegância e descontração.
No antigo hall aproveitando todo o pórtico de marmore, piso e azulejaria preservando a arquitetura original do ano de construção da casa 1911 dando uma nova roupagem e uma nova decoração.
Os mármores foram polidos e restaurados e ficaram parecendo novos.
A azulejaria foi todo restaurada, lavada e com a reposição dos azulejos faltantes que foram fabricados para manter o padrão original da casa.
A antiga textura que estava toda despedaçada foi substituída por outra textura na cor azul que combinava mais com o antigo padrão da época da construção da casa.
A estrutura da casa neste andar é feita em pedras, deixando as paredes mais grossas o que dificultou um pouco a passagem da fiação elétrica, que foi feita de uma forma a não agredir a arquitetura dos ambientes.
O lustre de cristal Austríaco de oito braços é similar aos usados nos palácios do século XX, o que dá um ar de sofisticação e nobreza ao ambiente.
A casa foi construída pelo Marechal Firmino Pires Ferreira que era apaixonado pela arquitetura marroquina e fez para sua filha Julieta Pires de Melo que se casou no ano de 1900, porém a casa só ficou pronta em 1911.
O antigo tapete do século XIX dá o colorido ao hall que recebe uma mesa com uma escultura em porcelana Portuguesa do século XVIII representando a República da Fabrica Devezas de Santo Antônio do Porto.
A antiga capela da casa que já não tinha mais utilidade para os novos moradores e foi transformada em um lavabo, para atender as necessidades do escritório e do primeiro pavimento da casa, que não tinha banheiro, nem mesmo lavabo.
Os mármores do piso, janela e até mesmo da antiga bancada da capela foram restaurados e usados para dar apoio a cuba do novo lavabo.
A antiga cuba em porcelana foi reaproveitada de um dos banheiros assim como todos os mármores. O antigo vitral foi limpo e restaurado e as janelas que estava com todos os vidros quebrados foi restaurada.
A antiga ferragem da janela já carcomida pelo tempo foi substituída por outra nova apenas nos locais onde estavam estragadas, depois foram tratadas e pintadas.
Por serem paredes de pedras a tubulação de água teve que ser puxada diretamente do andar superior e o esgoto foi direcionado para o esgoto do andar inferior.
Nas paredes uma textura marmorizada na mesma cor dos mármores do piso dão o toque final e uma boiserrie de madeira foi colocada para dar mais sofisticação ao lavabo.
O desafio de restaurar a antiga biblioteca e escritório do Prefeito Mendes de Moraes foi concluído pelo arquiteto Thoni Litsz, após uma descupinização intensa, restauro do madeiramento da parede e do piso e a colocação do papel de paredes com a estampa inspirada no ano de construção da casa, tomando por base um pequeno pedaço do papel antigo na parede.
Tudo tinha que estar conversando, não só o madeiramento antigo, mas os novos móveis que foram sugeridos pelo arquiteto.
Mas a aprovação final foi da curadoria do IRPH (Instituto Rio Patrimônio Histórico), por se tratar de um bem tombado.
Muitas pessoas não sabem mas uma construção tombada é diferente de uma que tem a fachada preservada, por isto ambas devem se submeter a curadoria do órgão de seu tombamento.
Na fachada preservada como o próprio nome diz apenas a fachada é levada em conta, já na edificação tombada, ela é tombada por um todo, pelo seu contexto histórico, e com ela tudo internamente.
A fachada precisa ser submetida ao órgão responsável, são muitos detalhes e todos devem ser aprovados antes de sua execução, podendo ou não ser rejeitado pelo conselho.
Mas neste projeto tivemos uma aceitação muito grande o que nos permitiu trabalhar bem todos os cômodos.
As paredes e estantes superiores revestidas por jacarandá ganharam mais vida, os adornos foram tratados em suas minúcias como realmente eram feitas no ano de 1911, ano de fundação da casa.
O antigo piso de peroba do campo foi restaurado e feito o sinteco acetinado, como eram usados na época.
O papel de paredes francês da empresa Gerard que foi produzido a partir de um antigo fragmento de papel encontrado atrás de um dos quadros no escritório.
O mobiliário não podia ser da mesma época, uma vez que o espaço já era todo inspirado em 1911, 114 anos já se passaram e as necessidades hoje são muito maiores que eram antigamente, internet, telefone, aparelhos atuais são necessários.
A opção do arquiteto foi criar um mobiliário que atendessem as atividades de um escritório moderno e deixasse a intervenção bem discreta, quase invisível. Os móveis foram planejados pelo arquiteto, porém a cor interferia muito na estética do escritório, dai a solução foi laquear os móveis em um tom de marrom mais próximo as boiserries e painéis de madeira das paredes.

Painéis de madeira revestem as paredes do escritório e ornamentos receberam detalhes em ouro, como eram feitos em 1912
Uma grande mesa de estação de trabalho foi criada para atender as novas atividades do ambiente, aproveitando assim para passar os fios e deixá-los praticamente invisíveis.
Como o projeto demorou um pouco para finalizar sua execução e novas necessidades foram anexadas, com isto os móveis precisaram sofrer ajustes.
As boiserries de madeira ganharam um toque dourado a partir da prospecção das camadas de vernizes e foram restauradas na sua íntegra.
Os tapetes foram um ornamento a parte porém necessário para compor este projeto.
Ficha técnica:
Maçanetas e ferragens Stam
Marmores Kadumargram
Metais Sanitários Docol
Objetos de arte Galeria do Solar
Maçanetas Stam
Arquitetura e decoração Arquiteto Thoni Litsz
Curadoria IRPH (Instituto Rio Patrimônio Histórico)
Piso do estar da varanda Olden HD da Ceramica Portinari
Vidraçaria Vega Vidros
Tapetes Tramas de Minas Tapetes