Para agradar aos clientes, arquitetos também devem saber dizer não.
RIO — Até onde a casa deve refletir a personalidade de seu dono? Será que há limites para o desejo na hora de decorar? Para alguns moradores certamente não. Tanto assim que levam essa ideia tão ao pé da letra que acabam fazendo pedidos inusitados, e em alguns casos até excêntricos, a seus arquitetos.
O nutricionista Fábio Bicalho, por exemplo, queria ter, na piscina de sua cobertura, a sensação de estar num mar de vinho. Na Lagoa, o desejo do casal de moradores de um apartamento da década de 1960 — também apaixonados pela bebida de Baco — era fazer do armário de sua suíte uma adega para os vinhos especiais que tem em casa. E para um paulista apaixonado pela praia do Recreio onde mora, o importante era que o quarto do filho mais novo tivesse uma imagem do mar, com uma onda bem grande.
Ideias que num primeiro momento fizeram os arquitetos torcerem o nariz. Mas como o cliente tem sempre razão… o jeito é pensar na melhor solução possível e, se precisar, até bancar o todo-poderoso e fazer “milagres”, como o do arquiteto Thoni Litsz que, para agradar ao cliente, “transformou” a água da piscina em “vinho”:
— Ele disse que queria ter a sensação de estar mergulhando numa garrafa de vinho e perguntou se seria complicado fazer uma piscina vermelha. Na hora, achei estranho. Mas depois, pesquisando, vi que havia outras e que podia ficar bom.
Para obter o efeito na água, Litsz revestiu toda a piscina com pastilhas cerâmicas vermelhas e acrescentou algumas lâmpadas de led na mesma cor, que além de intensificarem o efeito “vinho” desejado, ainda servem como cromoterapia, já que Bicalho queria que a piscina fosse revigorante.
— O resto da área externa da cobertura tem uma luz intimista, bem aconchegante. A piscina precisava ter essa função mais estimulante realmente — acredita o arquiteto.
E, para ampliar essa sensação, Litsz até acrescentou uma cascata ao projeto, o que deixou o cliente bem satisfeito.
— Para mim, a cascata fez com que o projeto ficasse ainda mais interessante. No verão, eu saio do consultório à noite, e sempre que chego em casa vou para a piscina, de onde ainda tenho uma bela vista para o Cristo, que também ajuda a dar essa sensação revigorante — conta Bicalho.